Piaget – Cognitivismo

• O grande objectivo dos seus estudos passa por compreender a natureza e a evolução do conhecimento, isto é a sua estrutura – estruturalismo.

• O indivíduo, aquando o seu nascimento, possui um património genético, que o permite relacionar-se com o meio que o rodeia, e deste modo, adaptar-se a mais variadas situações.

• O indivíduo é um agente activo na construção do seu conhecimento e realidade.

• O desenvolvimento intelectual ocorre através de mudanças nas estruturas do conhecimento.

• O processo desenvolvimental assenta em quatro factores:
o Hereditariedade e maturação interna;
o Experiência física e acção sobre os objectos;
o Transmissão social;
o Equilibração progressiva.

• Piaget defende que existem 4 estádios de desenvolvimento:

Estádio Sensório-motor (0-2 anos)

• Coordenação de meios e fins

• Permanência do objecto e de causalidade

• Criação de imagem mental e formação de símbolos

• Inteligência prática baseada na acção

Estádio Pré-operatório (2-7 anos )

• Egocentrismo intelectual

• Pensamento mágico

• Função simbólica (2-4 anos)

• Pensamento intuitivo (4-7 anos)

Estádio das Operações concretas (7-11/12 anos)

• Reversibilidade mental

• Pensamento lógico

• Noção de conservação e classificação

• Tempo e velocidade

Estádio das Operações formais (A partir dos 11/12 anos)

• Raciocínio hipotético-dedutivo

• Pensamento abstracto

• Definições de conceitos e de valores

Erikson – Teoria Psicossocial



• Influenciado por Freud, Erikson substitui a teoria psicossexual do desenvolvimento por uma teoria psicossocial, sublinhando a importância das interacções do indivíduo com o meio.

• Defende que o desenvolvimento é contínuo, ocorrendo do nascimento até à morte.

• A vida é composta por 8 ciclos fundamentais, sendo que cada ciclo é composto por uma crise que é fundamental par a construção da personalidade.


1ª idade (0-18 meses)


• Nesta fase, ou a criança experimenta conforto, segurança e satisfação de necessidades no ambiente que a rodeia ou desenvolve desconfiança e suspeitas.


2ª idade (18 meses aos 3 anos)


• Rápido desenvolvimento das capacidades motoras;

• Há necessidade de explorar o meio mas, se os pais são muitos restritivos a respeito dos “avanços” da criança, em vez de se tornar autónoma, sentira vergonha e dúvida.

3ª idade (3-6 anos)


• A criança dispõe de mais capacidades intelectuais que na fase anterior de exercer a sua curiosidade, tomar iniciativas;

• Se a acção da criança for aceite pelos pais, o sentido de iniciativa será reforçado; se os pais exercerem uma autoridade punitiva e classificarem a acção da criança como despropositada ou ridícula, esta sentir-se-á culpada e insegura.

4ª idade (6-12 anos)


• Entrada no mundo escolar, onde se estabelecem metas cognitivas e sociais, com as quais a criança se defronta e experimenta fracassos e/ou realizações;

• Se as realizações são menos adequadas que as dos seus colegas, desenvolve sentimento de inferioridade; se as realizações são valorizadas pelo êxito, desenvolve sentimentos de competência, diligência.


5ª idade (12-20 anos)


• O adolescente integra diversas auto-imagens e papéis sociais numa só imagem a partir da qual se projecta para uma opção de carreira profissional, de modelo de vida;

• A superação desta crise de forma positiva leva à formação de uma identidade pessoal e psicossocial; caso contrário, viverá na indecisão e na confusão de papéis.

6ª idade (20-35 anos)


• Idade em que a pessoa se dispõe a formar laços sociais duradouros, caracterizados pelo afecto;

• Pessoas com débil sentimento de identidade terão dificuldade em estabelecer relacionamentos íntimos e manifestam tendência a isolar-se ou a estabelecer laços limitados.

7ª idade (35-65 anos)


• Preocupação activa com o bem-estar das novas gerações e em tornar o mundo melhor (generatividade);

• Em contrapartida, se o indivíduo é absorvido por si mesmo, terá tendência à estagnação.

8ª idade (65 até ao final da vida)


• Se o indivíduo, reflectindo sobre o passado, ressente a sua vida como digna e a aceita com satisfação, vive o sentimento de integridade;

• Se, pelo contrário, considera a sua vida como desperdiçada e não sente satisfação, surge o desespero associado ao facto de o tempo ter passado e a morte ser iminente.

Freud – Teoria psicanalítica

• As motivações inconscientes, as vivências emocionais ocorridas durante a infância e a evolução psicossexual do sujeito desempenham um papel fundamental no desenvolvimento humano.

• A sexualidade, integrada no desenvolvimento desde o nascimento até à puberdade evolui através de cinco estádios psicossexuais (Tavares, Pereira, Gomes, Monteiro, & Gomes, 2007).

• Em cada estádio, o sujeito focaliza-se em zonas erógenas específicas em busca do prazer e satisfação.

• A passagem por cada estádio implica um confronto entre a satisfação das pulsões sexuais e as forças que se lhe opõem. A resolução desses conflitos é alvo de uma dicotomia difícil de gerir e que irá ter influência na formação da personalidade do adulto.



Estádio Oral: 0-12/18 meses

• A boca é a zona de prazer e satisfação predominante;

• É o meio directo e principal de contacto com a realidade; todos os objectos que o bebé encontra são sugados e, posteriormente são mordidos;

• A altura do desmame, fase em que a criança é mais activa e agressiva corresponde a uma experiência da frustração que se não for ultrapassada positivamente poderá originar comportamentos de gratificação oral (ex: fumar, beber, beijar, mascar pastilhas);

• Estruturam-se já os contornos bipolares da personalidade: optimismo/pessimismo, admiração/inveja, credulidade/desconfiança.

Estádio Anal :18 meses aos 2/3 anos

• A zona erógena é a região anal;
• A criança sente prazer a expulsar/reter as fezes;
• Neste período, os pais tendem a introduzir os hábitos de higiene, mas se forem demasiado rígidos ou demasiado tolerantes nesta aprendizagem, poderão produzir reacções quer de retenção, quer de descontrolo das fezes.

Estádio Fálico:3-5/6 anos

• A zona erógena é a genital;

• A criança toca a explora o seu corpo e o dos outros;
• É neste estádio que ocorre o Complexo de Édipo/Electra;

• Estruturam-se contornos bipolares de personalidade: orgulho/humildade, sedução/timidez, castidade/promiscuidade.
Estádio de Latência: 5/6 anos à puberdade

• Ausência de interesses sexuais;

• Curiosidade intelectual e criação de relações sociais;

• Aprendizagem social, desenvolvimento da consciência moral.

Estádio Genital: A partir da puberdade
• Predomínio da sexualidade genital, através de contactos sexuais com parceiros.

Desenvolvimento Emocional e Psicossocial na Adolescência


A identidade e o Eu na adolescência


“ Se existisse alguma ideia que seja quase universalmente atribuída ao processo de crescimento pessoal durante a adolescência, ela refere-se ao desenvolvimento da identidade.” (Erik Erikson)
O conceito que possuímos do Eu, a forma como nos vemos a nós próprios e o modo como somos vistos pelos outros, constitui a base da nossa personalidade adulta.

Ambiente social e físico desejável


A adolescência é a fase da vida onde os amigos assumem o papel de maior importância, por isso, um bom ambiente não só no seio familiar, mas acima de tudo no grupo de amigos é um factor imprescindível para o bom desenvolvimento do adolescente, a todos os níveis.

Desenvolvimento Físico-motor na Adolescência

• Do ponto de vista psicológico a transformação biológica fundamental nos adolescentes consiste em alcançar a capacidade de reprodução.

• As transformações físicas da adolescência iniciam-se quando o hipotálamo estimula a glândula pituitária a segregar certas hormonas, que por sua vez, vão estimular os ovários, os testículos e as glândulas adrenais a produzir outras hormonas.

• De seguida, estas hormonas iniciam processos como o aumento de altura e de peso, ao qual se denomina surto de crescimento. Este é um sinal da puberdade (período de transformações físicas que conduzem a maturidade reprodutiva).

• O ritmo de crescimento quase duplica em ambos os sexos, nesta fase, no entanto, acontece nas raparigas cerca de dois anos mais cedo em relação aos rapazes.

• A puberdade assinala o fim da pubescência.

Altura

• Os ossos longos do corpo crescem muito rapidamente nas extremidades, este crescimento só pára quando as epífises (extremidades abertas dos ossos) se fecharem.

• Este acontecimento é uma consequência das transformações hormonais que ocorrem durante a puberdade.

Forma do corpo

• As alterações no corpo tornam-se visíveis principalmente nas ancas, no tórax e nos ombros. No fim da adolescência as proporções relativas destas partes do corpo são completamente diferentes daquilo que eram na infância e ainda se verificam diferenças entre os sexos, devido à distribuição da gordura no corpo.

• Durante a pubescência a estrutura óssea da face torna-se mais alongada, o perfil mais direito, o nariz mais projectado e os maxilares tornam-se proeminentes.

Capacidade e força física

• O crescimento dos músculos faz com que aumente a força física.

• O tamanho e a capacidade do coração e dos pulmões também se alteram, o peso do coração quase duplica durante o surto de crescimento e a pressão sistólica do sangue aumenta drasticamente. O número de glóbulos vermelhos aumenta, o que permite uma maior eficiência na distribuição de oxigénio.

Características sexuais primárias e secundárias

• As características sexuais primárias conduzem ao aparecimento das características que possibilitam a reprodução.

• As características sexuais secundárias dizem respeito às aparências e à função do corpo, e permitem a distinção entre homens e mulheres. Por exemplo os seios nas mulheres e os pêlos faciais nos homens.

Transformações nos rapazes:

- Início do crescimento dos testículos
- Pêlos púbicos
- Mudanças a nível da voz
- Primeira ejaculação de sémen
- Crescimento acentuado
- Desenvolvimento da barba

Transformações nas raparigas:

- Alargamento inicial dos seios (8 anos)
- Pêlos púbicos lisos e pigmentados
- Pêlos púbicos retorcidos
- Crescimento acentuado
- Menarca
- Aparecimento dos pêlos axilares

• Nas mulheres a menstruação é o indicador que assinala o alcance da completa maturidade reprodutiva – Menarca.

• Este facto acontece em média aos treze anos e meio de idade e consiste na maturação de um ou mais óvulos (oócito II).

• Nos homens o crescimento dos testículos e do pénis marca o início da pubescência.
• Os testículos produzem espermatozóides e hormonas que vão possibilitar o aparecimento de algumas características sexuais secundárias.

• Ocorrem em ambos os sexos alterações ao nível da pele, a mais importante consiste no crescimento das glândulas sebáceas que estão associadas aos folículos pilosos. Estas glândulas excretam óleo que misturado com a sujidade do ar origina borbulhas e pontos

Desenvolvimento Sócio-emocional no Período Escolar

• Segundo a perspectiva neo-piagetiana a criança entre os 7 e os 8 anos encontra-se no terceiro estádio neo-piagetiano que é caracterizado pela tolerância, pelo equilíbrio, pela integração e avaliação de vários aspectos do self, isto é a criança não se concentra numa única dimensão de si mesma mas em várias.

• Este estádio vai permitir o desenvolvimento da auto-estima da criança e a avaliação do seu valor pessoal.
• A auto-estima liga aspectos cognitivos, emocionais e sociais da personalidade, é uma componente muito importante no auto-conceito. As crianças com elevada auto-estima tendem a ser alegres.
• As relações com os pares são instáveis; é por vexes agressiva com outras crianças.

• Forte identificação com a figura parental do mesmo sexo.

• Tem dificuldade em aceitar críticas, culpa ou castigos.

• Pode, por vezes, retirar-se ou evitar o contacto com os outros, sobretudo adultos, numa tentativa de construir uma “consciência de si” mais autónoma.

• Não se envolve tanto em conversas com a família durante a refeição; prefere comer depressa para iniciar outra actividade.
• É bastante selectiva nas suas relações: pode ter um(a) melhor amigo(a).

• Preocupa-se com o estilo (roupa, cabelo, etc.)
• É crítica acerca dos adultos.

• É frequentemente temperamental (flutuações de humor).


Ambiente Social e Físico desejável

É no período escolar que é constituído o grupo de pares. Estes formam-se
frequentemente por crianças da mesma origem racial ou étnica e nível socioeconómico semelhante. Habitualmente um grupo de pares envolve crianças de idade semelhante e ainda, o sexo feminino e masculino tendem a agrupar-se formando um grupo distinto, isto ajuda as crianças a aprender comportamentos apropriados no seu grupo sexual e incorporar papéis relativos ao género no seu auto-conceito. Por outro lado, o surgimento das novas tecnologias levou ao aparecimento de novos padrões sociais, pois estas não exigem muita competência social.
A atmosfera familiar tem um papel crucial no desenvolvimento da criança,
devendo esta ser estável e proporcionar um bom ambiente. As influências mais importantes do meio familiar no desenvolvimento da criança provêm da atmosfera que existe no lar, se existe apoio ou afecto, ou se é dominado por conflitos, etc.

Desenvolvimento Cognitivo-Linguístico no Período Escolar


• Início da capacidade de pensamento lógico não demasiado abstracto e de entender os conceitos que usa ao lidar com o ambiente em seu redor, de forma cada vez menos intuitiva e egocêntrica;


• Aprendizagens rápidas que, na maioria dos casos, parecem ser realizadas com entusiasmo, perseverança e curiosidade, encarando o pensamento e a aprendizagem como um desafio intelectual;


• Segundo Piaget, a criança em idade escolar encontra‐se num período de desenvolvimento do pensamento concreto – estádio das operações concretas, sendo que se designam operações as acções executadas, já não materialmente, mas interiormente e simbolicamente, que podem combinar‐se de todas as maneiras e assim como ser invertidas (reversibilidade).


• Piaget afirma que é neste estádio que se reorganiza verdadeiramente o pensamento; é a partir deste estádio (operações concretas) que começam a ver o mundo com mais realismo e deixam de confundir o real com a fantasia.


• Animismo: a criança dá características humanas a seres inanimados; este animismo vai desaparecendo progressivamente, salientando-se a importância do papel do adulto, na medida que, a partir, sensivelmente dos cinco anos, não deve reforçar, mas sim atenuar o animismo.
• Realismo: não distinção entre o que é objectivamente real e o que não é (imaginação).


• A criança já compreende a noção de volume, bem como peso, espaço, tempo, classificação e operações numéricas.

• Neste período o pensamento da criança é: flexível, irreversível, não limitado ao aqui e agora, multidimensional, marcado pelo uso da inferência lógica e pela procura de relações causa – efeito.
• A criança começa a refinar as suas habilidades linguísticas.

Desenvolvimento Físico-Motor no Período Escolar

A criança torna-se mais independente, pelo que continua a desenvolver a força, a rapidez, a coordenação e o controlo necessário para refinar as suas habilidades motoras grossas e finas


Habilidades Motoras Grossas:


• Neste período, a criança é capaz de controlar intencionalmente os movimentos, sendo que várias capacidades e tarefas motoras tomam lugar: montar bicicletas, a saltar à corda, a nadar, a dançar, trepar escadas, entre outras.


• Estas tarefas são realizadas com um mesmo ritmo e com poucos erros mecânicos.


Habilidades Motoras Finas:



• A criança desenvolve estas habilidades rapidamente durante neste período, até mesmo antes da primeira classe: nos infantários, as professoras ajudam na construção da escrita e da leitura, bem como em tarefas que envolvam este tipo de motricidade, como colar, cortar, desenhar, pintar, a moldar com argila, entre outras.

• Muitas das habilidades motoras finas são requeridas no desenvolvimento da escrita durante os 6 e 7 anos de idade da criança.


• O crescimento da criança é mais lento e mais regular do que nos dois primeiros anos de vida: ocorre um período estável de crescimento que continua até por volta dos 9 anos de idade nas raparigas e até ais 11 anos nos rapazes.


• O crescimento é influenciado por factores como o ambiente, a nutrição, o sexo e factores genéticos.


• Ao mesmo tempo que o crescimento e o desenvolvimento físico ocorre estão igualmente a decorrer mudanças internas: os ossos crescem mais e o corpo amplia-se, estando associadas dores de crescimento; episódios de rigidez e de dor causados pelo crescimento muscular são particularmente comuns à noite; o desenvolvimento do esqueleto durante este período está associada à perda dos ‘dentes bebés’, sendo que aos 6 ou 7 anos de idade a criança já perdeu os seus 20 dentes primários; os depósitos de gordura diminuem dos 6 meses de idade até aos 6 ou 8 anos, sendo este facto mais acentuado nos rapazes; os músculos aumentam em comprimento, em extensão e largura;


• A lateralização dos hemisférios cerebrais torna-se mais acentuada durante os anos escolares;

Desenvolvimento Sócio-emocional no Período Pré-Escolar


• O auto-conceito é a imagem que temos de nós próprios. É por volta dos 4 anos que se dá uma mudança no auto-conhecimento, as crianças já são capazes de olhar ao espelho e reconhecerem-se. Também por volta desta idade, a auto-definição – características usadas para se descrever a si mesmo – torna-se mais compreensível.


• Contudo ainda não conseguem distinguir o self real – o que a pessoa é na realidade, do self ideal – o que a pessoa gostaria de ser. Por isso, a criança descreve-se a si como um modelo de virtude e capacidade.


• A compreensão das emoções dirigidas ao seu “eu” não começa antes dos 3 anos. Sendo que só neste período é difícil para as crianças reconhecerem emoções e o que estas provocam. O apoio social dos pais, educadores e pares revela-se uma importante fonte de auto-estima neste período.

Ambiente social e físico desejável


O ambiente tem um efeito crucial no desenvolvimento da criança. Uma interacção positiva entre a criança e o meio é fundamental para que esta se desenvolva de uma forma saudável, independente e feliz.
É importante que neste período seja fornecido à criança, por parte dos pais e dos educadores, um ambiente seguro e estimulante, onde esta pode descobrir e explorar, onde esta pode saltar e correr, onde esta se pode sentir livre mas em segurança. É também importante nesta altura que a criança passe a frequentar o jardim de infância, creche ou pré-escola, pois aí conhecem diferentes crianças e com elas aprendem e se constroem. É a partir dos 3 anos que as crianças começam a ter amigos – habitualmente do mesmo sexo, não sendo exigentes em relação aos companheiros.

Desenvolvimento Cognitivo-Linguístico no Período Pré-Escolar

• No período pré-escolar a criança não precisa de pistas sensoriais e motoras, esta ausência de pistas caracteriza a função simbólica: capacidade para usar símbolos ou representações mentais às quais a criança atribuiu significado. Ter símbolos para as coisas ajuda a criança a pensar acerca delas. Porém, a criança ainda não consegue pensar logicamente.

• As crianças neste período conseguem perceber o conceito de identidade: a concepção de que as pessoas e muitas coisas são basicamente as mesmas mesmo quando mudam de tamanho, forma ou aparência, e também as relações causais.


• Entre os 3 e os 5 anos as crianças desenvolvem a capacidade de algum conhecimento dos seus próprios processos de pensamento e alguma capacidade para distinguir acontecimentos imaginários e reais.

• Contudo, neste período a criança centra-se apenas num aspecto da situação, negligenciando os outros. É também incapaz de compreender que uma operação pode ser feita em ambos os sentidos – irreversabilidade.


• É incapaz de compreender o significado das transformações entre estado e assume que toda a gente pensa com ela – egocentrismo.

• A criança não utiliza nem o raciocínio dedutivo nem o indutivo, salta de um aspecto para o outro – transdução, e atribui vida a objectos inanimados – animismo.

Desenvolvimento da linguagem

• No período pré-escolar o vocabulário aumenta muitíssimo, tal é permitido por mapeamento rápido, a criança absorve o significado de uma palavra nova após a terem ouvido uma ou duas vezes.


• Aos 3 anos, em geral, as crianças usam o plural e o pretérito passado e conhecem a diferenças entre eu, tu e nós.


• Entre os 4 e 5 anos, as frases têm em média quatro a cinco palavras, usando já preposições.


• Por volta dos 5 ou 6 anos as crianças falam através de frases mais longas e mais complicadas.


• Investigações indicam que as crianças aprendem a pragmática e envolvem-se no discurso social. Aos 2 anos e meio as crianças começam a envolver-se em diálogos capazes de tornar o seu discurso claro e relevante.


• É normal e comum o discurso interno – falar para si próprio em voz alta. Desaparece por volta dos 9 anos.

Desenvolvimento Físico-Motor no Período Pré-Escolar

Designa-se por período pré-escolar ao intervalo de idades entre os 2/3 e os 6 anos. Neste período as crianças deixam de ser bebés, são capazes de maiores e melhores realizações. Uma criança de 3 anos é uma criança aventureira resoluta, sente-se à vontade no mundo, capaz de explorar e descobrir as suas capacidades. A criança desta idade deixou de atravessar um período relativamente perigoso – os primeiros 3 anos de vida – para entrar numa fase mais saudável e menos ameaçadora.



Mudanças Fisiológicas

• Por volta dos 3 anos de vida as crianças tornam-se mais compridas e mais esguias, perdem a face redonda, típica do bebé, e os músculos abdominais desenvolvem-se, diminuindo a barriga. As suas proporções físicas assemelham-se mais às do adulto.

• Os rapazes por volta dos 3 anos são ligeiramente mais alto e pesados do que as raparigas e tem mais massa muscular por quilo de peso corporal, enquanto as raparigas têm mais tecido adiposo. Tanto os rapazes como raparigas, neste período crescem entre 5 a 8 centímetros e ganham 2 a 3 quilos por ano. A superioridade dos rapazes face às raparigas mantém-se até ao início da puberdade.

• Estas mudanças físicas reflectem o desenvolvimento no interior do corpo. O crescimento muscular e ósseo aumenta, os ossos tornam-se mais fortes e duros, dando uma maior protecção interna. O sistema respiratório, circulatório e imunitário desenvolvem-se crescentemente e contribuem para a força física e para a vitalidade da criança.


• Por volta dos 3 anos aparecem os primeiros 20 dentes e as crianças podem mastigar tudo quanto quiserem. Os pais tendem a ignorar e a achar normal o facto de crianças com menos de 4 anos chupar no polegar. Porém, a dentição definitiva, que começa a formar-se bem antes de se tornar visível aos 6 anos, poderá ser afectada se este hábito persistir depois dos 4 anos, podendo ser então necessário recorrer a um tratamento.


• Tal como nas crianças mais novas, um desenvolvimento motor e físico saudável no período pré-escolar, depende de uma boa alimentação e de um sono adequado. Neste período as crianças comem menos do que anteriormente e necessitam de uma dieta equilibrada. A obesidade torna-se mais provável neste período. Os padrões de sono mudam, as crianças geralmente dormem toda a noite, fazem uma sesta durante o dia e dormem mais profundamente.


• É normal que as crianças do período pré-escolar desenvolvam rituais de adormecimento que adiam o sono e que se apoiem em objectos transicionais (cobertor, peluche).


• A enurese, ou molhar da cama, é comum, especialmente à noite e é habitualmente ultrapassada sem ajuda especial.

Capacidades motoras


• Entre os 3 e os 6 anos as crianças fazem grandes progressos nas competências motoras, tanto as competências motoras grossas, como correr ou saltar, como as competências motoras finas, como abotoar e desenhar.

• Por volta dos 2 anos e meio começam a saltar com ambos os pés, já que agora os músculos das pernas são suficientemente fortes para aguentarem o peso corporal. Subir escadas é mais fácil do que descer, e por voltar dos 3 anos e meio a maior parte das crianças alterna os pés quando sobe escadas e só por volta dos 5 anos é que consegue fazer o mesmo a descer.

• As competências motoras neste período são a base para a prática de desporto, de dança ou outra actividade. Torna-se então importante que seja fornecido um ambiente activo, em que as crianças possam saltar e correr em segurança, para assim garantir um melhor desenvolvimento físico.

• As competências motoras finas permitem à criança assumir uma maior responsabilidade pela sua própria pessoa. Aos 3 anos a criança consegue verter o leite para a taça dos cereais, comer com talheres, ir ao quarto de banho sozinha. Aos 5 anos consegue vestir-se com pouca ajuda, copiar um quadrado ou triângulo e desenhar uma figura humana mais completa.

• Apesar de os rapazes serem mais fortes, as raparigas tendem a ser melhores que os rapazes em tarefas que envolvem a coordenação dos membros.

• A lateralidade, preferência pela mão direita ou esquerda, é geralmente evidente por volta dos 3 anos.

24 Meses



• Para além de andar e de correr, consegue pedal um triciclo, saltar no mesmo sítio com ambos os pés, e equilibrar-se momentaneamente num só pé;

• Pega e mexe em tudo o que lhe está acessível, explorando os objectos;

• Consegue despir-se quase completamente, e consegue vestir algumas peças de roupa;

• Representa mentalmente os acontecimentos, deixando de estar limitado à tentativa e erro para resolver problemas;

• O pensamento simbólico permite que começa a pensar acerca dos acontecimentos e antecipar as suas consequências, sem estar sempre associadas à acção;

• Aprende muitas palavras novas, de cerca de 50 a 400, utiliza verbos e adjectivos;

• Segue instruções verbais simples, usa três ou mais palavras combinadas;

• Usa objectos para representar outros objectos (uma vassoura para um cavalo, um saco para um chapéu);

• Desenvolve emoções como empatia, ciúme e embaraço.

Ambiente social e físico desejável

O ambiente tem um grande efeito no desenvolvimento das competências da criança. Um ambiente sensível às capacidades da criança e sua estimulação, programado num nível mais elevado do que o desenvolvimento da criança, vai acelerar o seu progresso. A falta de estímulos e um ambiente sem respostas atrasa o desenvolvimento físico, da linguagem e a capacidade de realização de tarefas de forma autónoma. O ambiente envolvente da criança, deve ser ainda, acolhedor e tranquilo, diminuindo a agressividade natural desta fase.
A valorização das conquistas da criança é essencial para que continue a desenvolver a curiosidade e daí a sua autonomia, sem deixar de parte a noção dos limites, dando a entender que a autoridade está do lado dos progenitores, dizendo “não” sempre que necessário, ensinado tarefas alternativas às proibidas.
Incentivar as crianças a soprar velas, fazer bolas de sabão ou beber por uma palhinha faz trabalhar os elementos que compõem o sistema fonatório, tornando mais fácil a articulação de sons.
O desenvolvimento saudável só é possível sobre uma estrutura emocional estável. É também um promotor de desenvolvimento a vinculação. As creches de qualidade têm também um impacto positivo no desenvolvimento cognitivo, emocional e social da criança, tornando assim, as crianças mais sociáveis e mais afectuosas para com os pares.


18 Meses

A maioria consegue subir degraus;


• Alguns têm dificuldade em pontapear uma bola, pois ainda não têm estabilidade suficiente para se segurarem num só pé;


• Consegue empilhar dois ou quatro cubos na construção de uma torre, e muitas vezes consegue rabiscar com um lápis;


• Melhora a capacidade de se alimentar, e pode ser capaz de se despir parcialmente;

• Experimenta novas actividades e usa a tentativa e o erro para resolver problemas;


• A maioria das suas acções são imitadas de outros que os rodeiam;


• Já não chora com o outro, mas tenta consolar: sente compaixão, o desejo de ajudar e de aliviar. Estabelece a diferença entre si e o outro;


• Combina duas palavras para formar uma frase;


• Nomeia partes do corpo e fotografias familiares;


• Entende o conceito de permanência do objecto, usa os objectos para as suas finalidades;


• Inclui uma segunda pessoa nas brincadeiras, faz jogos de imitação, como ler.

Dos 9 aos 12 Meses

• Aos 12 meses, já consegue segurar-se de pé sozinho e começa a dar os primeiros passos;


• Manipula activamente o ambiente, abre gavetas, puxa os brinquedos, liga a televisão, abre janelas e mexe nas tomadas eléctricas;


• Começa a desenvolver autonomia, comendo sozinho com uma colher, e a pegar no seu copo;


• Compreende e usa algumas palavras, incluindo “não”;

• Usa alguns gestos sociais;


• Surge o ciúme, a criança chora, grita, etc, quando um adulto se ocupa de uma outra criança;


• O comportamento torna-se deliberado e intencional, consegue antecipar acontecimentos;


• Procura o objecto escondido no local habitual que é escondido, mas não no lugar em que viu o objecto pela última vez;

• Está consciente do eu e do educador, em questões de tomada de decisão;


• Começa a representar simbolicamente as actividades da família (comer, beber, dormir).

Dos 5 aos 8 Meses



• Tem pelo menos 2 dentes;


• As pernas estão orientadas, para que as solas dos pés não se enfrentem;

• Começa uma exploração sistemática dos objectos, com as mãos, os olhos e a boca, individualmente ou combinando todos os meios;


• É capaz de passar um objecto de uma mão para outra, usar o polegar e o indicador;


• Quando é sentado, consegue manter-se nessa posição sem apoio, aos 8 meses, já é capaz de se sentar sozinho;


• Começa a movimentar-se sozinho, rasteja deitado sobre a barriga, puxando o corpo com os braços, ou então aos solavancos, sentado no chão, empurrando-se com os braços e pernas, ou ainda a gatinhar;


• Com a ajuda de um adulto, ou apoiando-se nos móveis, permanece de pé;


• Tem a visão e a audição integradas;


• As acções são intencionais, mas inicialmente não dirigidas a um objectivo;

• Imita alguns sons da fala repetidos, como mamã e papá, e balbucia sons mais complexos;


• Distingue entre caras familiares e não familiares; expressa ansiedade a situações estranhas;


• O jogo a dois consiste, nesta idade, em manifestações afectivas ou agressivas: acariciar‐se, morder‐se, puxar os cabelos, etc;


• Procura os objectos escondidos; joga jogos sociais mais avançados;


• Imita alguns gestos e acções de adultos;


• Desenvolve emoções como a raiva, surpresa, alegria, medo, tristeza e timidez;

Os Primeiros 4 Meses


• Ganha quase o dobro do peso, de 2.7 para 3.6 kg, e cresce10 ou mais centímetros em comprimento;


• Começam a aparecer os primeiros dentes;


• Quando deitado de barriga para baixo, em geral consegue levantar o peito e a cabeça;

• Consegue mudar da posição barriga para baixo para as costas, e vice-versa ;


• Inicia-se a auto-percepção, descobre as próprias mãos, os dedos e os pés, passa bastante tempo a observá-los e a movimenta-los;


• Fixa objectos visualmente, e percepciona as cores;


• Discrimina formas, e foca quase tão bem como um adulto;


• Responde a sons baixos, e é capaz de se virar para a origem de sons, como vozes;

• Balbucia, e imita os próprios sons;


• Repete comportamentos agradáveis que inicialmente ocorreram por acaso (sucção);


• Lembra-se de objectos e sons;


• Começa a realizar jogos de interacção social (por exemplo, imitar os educadores).

O Recém-nascido



O primeiro mês de vida, é um período especial na vida de um bebé. Parte deste tempo é passado a ajustar-se ao novo mundo e as novas funções que o corpo é responsável por manter sem a ajuda da mãe, respirar, regular a temperatura, fazer a digestão, etc.
As respostas de um recém-nascido às pessoas e aos vários estímulos são afectadas pelo nível de alerta, atenção e actividade. Estas condições reflectem as necessidades do bebé e a disponibilidade por contacto com o mundo exterior, e são referidas como os estados infantis.

Classificação dos Estados Infantis

-Sono Regular: O bebé está quieto com as pálpebras bem fechadas. A respiração é calma e regular. Os músculos faciais estão relaxados
-Sono Irregular: Os olhos do bebé estão fechados, mas as vezes mexem-se. Faz movimentos suaves de vários tipos, contorce-se, alonga-se, e assim por diante. As expressões faciais alteram-se com frequência, sorriso, amuo, beicinho. A respiração é mais rápida e irregular.
-Sono Periódico: Ocorre entre o sono regular e irregular. O bebé tem respirações e movimentos musculares rápidos, seguidos de um período de respiração lenta e inactividade.
-Sonolência: É um período de transição do estar acordado para o dormir, e vice-versa. As pálpebras abrem e fecham intermitentemente e não estão focadas em nada. A respiração é regular mas rápida
-Inactividade alerta: O bebé está acordado, com os olhos brilhantes. Seguem o movimento de objectos, está contente, alerta e curioso. A cara está relaxada, a respiração regular, mas mais rápida.
-Actividade Desperto: Com frequência o bebé tem actividade motora, envolvendo o corpo todo. Os olhos estão abertos, e a respiração é muito irregular.
-Choro: O bebé chora constantemente, envolvendo movimentos vigorosos.