Piaget – Cognitivismo

• O grande objectivo dos seus estudos passa por compreender a natureza e a evolução do conhecimento, isto é a sua estrutura – estruturalismo.

• O indivíduo, aquando o seu nascimento, possui um património genético, que o permite relacionar-se com o meio que o rodeia, e deste modo, adaptar-se a mais variadas situações.

• O indivíduo é um agente activo na construção do seu conhecimento e realidade.

• O desenvolvimento intelectual ocorre através de mudanças nas estruturas do conhecimento.

• O processo desenvolvimental assenta em quatro factores:
o Hereditariedade e maturação interna;
o Experiência física e acção sobre os objectos;
o Transmissão social;
o Equilibração progressiva.

• Piaget defende que existem 4 estádios de desenvolvimento:

Estádio Sensório-motor (0-2 anos)

• Coordenação de meios e fins

• Permanência do objecto e de causalidade

• Criação de imagem mental e formação de símbolos

• Inteligência prática baseada na acção

Estádio Pré-operatório (2-7 anos )

• Egocentrismo intelectual

• Pensamento mágico

• Função simbólica (2-4 anos)

• Pensamento intuitivo (4-7 anos)

Estádio das Operações concretas (7-11/12 anos)

• Reversibilidade mental

• Pensamento lógico

• Noção de conservação e classificação

• Tempo e velocidade

Estádio das Operações formais (A partir dos 11/12 anos)

• Raciocínio hipotético-dedutivo

• Pensamento abstracto

• Definições de conceitos e de valores

Erikson – Teoria Psicossocial



• Influenciado por Freud, Erikson substitui a teoria psicossexual do desenvolvimento por uma teoria psicossocial, sublinhando a importância das interacções do indivíduo com o meio.

• Defende que o desenvolvimento é contínuo, ocorrendo do nascimento até à morte.

• A vida é composta por 8 ciclos fundamentais, sendo que cada ciclo é composto por uma crise que é fundamental par a construção da personalidade.


1ª idade (0-18 meses)


• Nesta fase, ou a criança experimenta conforto, segurança e satisfação de necessidades no ambiente que a rodeia ou desenvolve desconfiança e suspeitas.


2ª idade (18 meses aos 3 anos)


• Rápido desenvolvimento das capacidades motoras;

• Há necessidade de explorar o meio mas, se os pais são muitos restritivos a respeito dos “avanços” da criança, em vez de se tornar autónoma, sentira vergonha e dúvida.

3ª idade (3-6 anos)


• A criança dispõe de mais capacidades intelectuais que na fase anterior de exercer a sua curiosidade, tomar iniciativas;

• Se a acção da criança for aceite pelos pais, o sentido de iniciativa será reforçado; se os pais exercerem uma autoridade punitiva e classificarem a acção da criança como despropositada ou ridícula, esta sentir-se-á culpada e insegura.

4ª idade (6-12 anos)


• Entrada no mundo escolar, onde se estabelecem metas cognitivas e sociais, com as quais a criança se defronta e experimenta fracassos e/ou realizações;

• Se as realizações são menos adequadas que as dos seus colegas, desenvolve sentimento de inferioridade; se as realizações são valorizadas pelo êxito, desenvolve sentimentos de competência, diligência.


5ª idade (12-20 anos)


• O adolescente integra diversas auto-imagens e papéis sociais numa só imagem a partir da qual se projecta para uma opção de carreira profissional, de modelo de vida;

• A superação desta crise de forma positiva leva à formação de uma identidade pessoal e psicossocial; caso contrário, viverá na indecisão e na confusão de papéis.

6ª idade (20-35 anos)


• Idade em que a pessoa se dispõe a formar laços sociais duradouros, caracterizados pelo afecto;

• Pessoas com débil sentimento de identidade terão dificuldade em estabelecer relacionamentos íntimos e manifestam tendência a isolar-se ou a estabelecer laços limitados.

7ª idade (35-65 anos)


• Preocupação activa com o bem-estar das novas gerações e em tornar o mundo melhor (generatividade);

• Em contrapartida, se o indivíduo é absorvido por si mesmo, terá tendência à estagnação.

8ª idade (65 até ao final da vida)


• Se o indivíduo, reflectindo sobre o passado, ressente a sua vida como digna e a aceita com satisfação, vive o sentimento de integridade;

• Se, pelo contrário, considera a sua vida como desperdiçada e não sente satisfação, surge o desespero associado ao facto de o tempo ter passado e a morte ser iminente.

Freud – Teoria psicanalítica

• As motivações inconscientes, as vivências emocionais ocorridas durante a infância e a evolução psicossexual do sujeito desempenham um papel fundamental no desenvolvimento humano.

• A sexualidade, integrada no desenvolvimento desde o nascimento até à puberdade evolui através de cinco estádios psicossexuais (Tavares, Pereira, Gomes, Monteiro, & Gomes, 2007).

• Em cada estádio, o sujeito focaliza-se em zonas erógenas específicas em busca do prazer e satisfação.

• A passagem por cada estádio implica um confronto entre a satisfação das pulsões sexuais e as forças que se lhe opõem. A resolução desses conflitos é alvo de uma dicotomia difícil de gerir e que irá ter influência na formação da personalidade do adulto.



Estádio Oral: 0-12/18 meses

• A boca é a zona de prazer e satisfação predominante;

• É o meio directo e principal de contacto com a realidade; todos os objectos que o bebé encontra são sugados e, posteriormente são mordidos;

• A altura do desmame, fase em que a criança é mais activa e agressiva corresponde a uma experiência da frustração que se não for ultrapassada positivamente poderá originar comportamentos de gratificação oral (ex: fumar, beber, beijar, mascar pastilhas);

• Estruturam-se já os contornos bipolares da personalidade: optimismo/pessimismo, admiração/inveja, credulidade/desconfiança.

Estádio Anal :18 meses aos 2/3 anos

• A zona erógena é a região anal;
• A criança sente prazer a expulsar/reter as fezes;
• Neste período, os pais tendem a introduzir os hábitos de higiene, mas se forem demasiado rígidos ou demasiado tolerantes nesta aprendizagem, poderão produzir reacções quer de retenção, quer de descontrolo das fezes.

Estádio Fálico:3-5/6 anos

• A zona erógena é a genital;

• A criança toca a explora o seu corpo e o dos outros;
• É neste estádio que ocorre o Complexo de Édipo/Electra;

• Estruturam-se contornos bipolares de personalidade: orgulho/humildade, sedução/timidez, castidade/promiscuidade.
Estádio de Latência: 5/6 anos à puberdade

• Ausência de interesses sexuais;

• Curiosidade intelectual e criação de relações sociais;

• Aprendizagem social, desenvolvimento da consciência moral.

Estádio Genital: A partir da puberdade
• Predomínio da sexualidade genital, através de contactos sexuais com parceiros.

Desenvolvimento Emocional e Psicossocial na Adolescência


A identidade e o Eu na adolescência


“ Se existisse alguma ideia que seja quase universalmente atribuída ao processo de crescimento pessoal durante a adolescência, ela refere-se ao desenvolvimento da identidade.” (Erik Erikson)
O conceito que possuímos do Eu, a forma como nos vemos a nós próprios e o modo como somos vistos pelos outros, constitui a base da nossa personalidade adulta.

Ambiente social e físico desejável


A adolescência é a fase da vida onde os amigos assumem o papel de maior importância, por isso, um bom ambiente não só no seio familiar, mas acima de tudo no grupo de amigos é um factor imprescindível para o bom desenvolvimento do adolescente, a todos os níveis.

Desenvolvimento Físico-motor na Adolescência

• Do ponto de vista psicológico a transformação biológica fundamental nos adolescentes consiste em alcançar a capacidade de reprodução.

• As transformações físicas da adolescência iniciam-se quando o hipotálamo estimula a glândula pituitária a segregar certas hormonas, que por sua vez, vão estimular os ovários, os testículos e as glândulas adrenais a produzir outras hormonas.

• De seguida, estas hormonas iniciam processos como o aumento de altura e de peso, ao qual se denomina surto de crescimento. Este é um sinal da puberdade (período de transformações físicas que conduzem a maturidade reprodutiva).

• O ritmo de crescimento quase duplica em ambos os sexos, nesta fase, no entanto, acontece nas raparigas cerca de dois anos mais cedo em relação aos rapazes.

• A puberdade assinala o fim da pubescência.

Altura

• Os ossos longos do corpo crescem muito rapidamente nas extremidades, este crescimento só pára quando as epífises (extremidades abertas dos ossos) se fecharem.

• Este acontecimento é uma consequência das transformações hormonais que ocorrem durante a puberdade.

Forma do corpo

• As alterações no corpo tornam-se visíveis principalmente nas ancas, no tórax e nos ombros. No fim da adolescência as proporções relativas destas partes do corpo são completamente diferentes daquilo que eram na infância e ainda se verificam diferenças entre os sexos, devido à distribuição da gordura no corpo.

• Durante a pubescência a estrutura óssea da face torna-se mais alongada, o perfil mais direito, o nariz mais projectado e os maxilares tornam-se proeminentes.

Capacidade e força física

• O crescimento dos músculos faz com que aumente a força física.

• O tamanho e a capacidade do coração e dos pulmões também se alteram, o peso do coração quase duplica durante o surto de crescimento e a pressão sistólica do sangue aumenta drasticamente. O número de glóbulos vermelhos aumenta, o que permite uma maior eficiência na distribuição de oxigénio.

Características sexuais primárias e secundárias

• As características sexuais primárias conduzem ao aparecimento das características que possibilitam a reprodução.

• As características sexuais secundárias dizem respeito às aparências e à função do corpo, e permitem a distinção entre homens e mulheres. Por exemplo os seios nas mulheres e os pêlos faciais nos homens.

Transformações nos rapazes:

- Início do crescimento dos testículos
- Pêlos púbicos
- Mudanças a nível da voz
- Primeira ejaculação de sémen
- Crescimento acentuado
- Desenvolvimento da barba

Transformações nas raparigas:

- Alargamento inicial dos seios (8 anos)
- Pêlos púbicos lisos e pigmentados
- Pêlos púbicos retorcidos
- Crescimento acentuado
- Menarca
- Aparecimento dos pêlos axilares

• Nas mulheres a menstruação é o indicador que assinala o alcance da completa maturidade reprodutiva – Menarca.

• Este facto acontece em média aos treze anos e meio de idade e consiste na maturação de um ou mais óvulos (oócito II).

• Nos homens o crescimento dos testículos e do pénis marca o início da pubescência.
• Os testículos produzem espermatozóides e hormonas que vão possibilitar o aparecimento de algumas características sexuais secundárias.

• Ocorrem em ambos os sexos alterações ao nível da pele, a mais importante consiste no crescimento das glândulas sebáceas que estão associadas aos folículos pilosos. Estas glândulas excretam óleo que misturado com a sujidade do ar origina borbulhas e pontos

Desenvolvimento Sócio-emocional no Período Escolar

• Segundo a perspectiva neo-piagetiana a criança entre os 7 e os 8 anos encontra-se no terceiro estádio neo-piagetiano que é caracterizado pela tolerância, pelo equilíbrio, pela integração e avaliação de vários aspectos do self, isto é a criança não se concentra numa única dimensão de si mesma mas em várias.

• Este estádio vai permitir o desenvolvimento da auto-estima da criança e a avaliação do seu valor pessoal.
• A auto-estima liga aspectos cognitivos, emocionais e sociais da personalidade, é uma componente muito importante no auto-conceito. As crianças com elevada auto-estima tendem a ser alegres.
• As relações com os pares são instáveis; é por vexes agressiva com outras crianças.

• Forte identificação com a figura parental do mesmo sexo.

• Tem dificuldade em aceitar críticas, culpa ou castigos.

• Pode, por vezes, retirar-se ou evitar o contacto com os outros, sobretudo adultos, numa tentativa de construir uma “consciência de si” mais autónoma.

• Não se envolve tanto em conversas com a família durante a refeição; prefere comer depressa para iniciar outra actividade.
• É bastante selectiva nas suas relações: pode ter um(a) melhor amigo(a).

• Preocupa-se com o estilo (roupa, cabelo, etc.)
• É crítica acerca dos adultos.

• É frequentemente temperamental (flutuações de humor).


Ambiente Social e Físico desejável

É no período escolar que é constituído o grupo de pares. Estes formam-se
frequentemente por crianças da mesma origem racial ou étnica e nível socioeconómico semelhante. Habitualmente um grupo de pares envolve crianças de idade semelhante e ainda, o sexo feminino e masculino tendem a agrupar-se formando um grupo distinto, isto ajuda as crianças a aprender comportamentos apropriados no seu grupo sexual e incorporar papéis relativos ao género no seu auto-conceito. Por outro lado, o surgimento das novas tecnologias levou ao aparecimento de novos padrões sociais, pois estas não exigem muita competência social.
A atmosfera familiar tem um papel crucial no desenvolvimento da criança,
devendo esta ser estável e proporcionar um bom ambiente. As influências mais importantes do meio familiar no desenvolvimento da criança provêm da atmosfera que existe no lar, se existe apoio ou afecto, ou se é dominado por conflitos, etc.

Desenvolvimento Cognitivo-Linguístico no Período Escolar


• Início da capacidade de pensamento lógico não demasiado abstracto e de entender os conceitos que usa ao lidar com o ambiente em seu redor, de forma cada vez menos intuitiva e egocêntrica;


• Aprendizagens rápidas que, na maioria dos casos, parecem ser realizadas com entusiasmo, perseverança e curiosidade, encarando o pensamento e a aprendizagem como um desafio intelectual;


• Segundo Piaget, a criança em idade escolar encontra‐se num período de desenvolvimento do pensamento concreto – estádio das operações concretas, sendo que se designam operações as acções executadas, já não materialmente, mas interiormente e simbolicamente, que podem combinar‐se de todas as maneiras e assim como ser invertidas (reversibilidade).


• Piaget afirma que é neste estádio que se reorganiza verdadeiramente o pensamento; é a partir deste estádio (operações concretas) que começam a ver o mundo com mais realismo e deixam de confundir o real com a fantasia.


• Animismo: a criança dá características humanas a seres inanimados; este animismo vai desaparecendo progressivamente, salientando-se a importância do papel do adulto, na medida que, a partir, sensivelmente dos cinco anos, não deve reforçar, mas sim atenuar o animismo.
• Realismo: não distinção entre o que é objectivamente real e o que não é (imaginação).


• A criança já compreende a noção de volume, bem como peso, espaço, tempo, classificação e operações numéricas.

• Neste período o pensamento da criança é: flexível, irreversível, não limitado ao aqui e agora, multidimensional, marcado pelo uso da inferência lógica e pela procura de relações causa – efeito.
• A criança começa a refinar as suas habilidades linguísticas.